Chegar aos 60 anos e se aposentar não é necessariamente a realidade
das mulheres que estão chegando agora à maturidade. Apesar de elas ainda
serem vistas erroneamente como um borrão sem nuances, com estereótipos e
preconceitos, há um grupo de mulheres que estão reinventando o
envelhecimento.
A jornalista Marcia Neder explora esses temas em seu novo livro, "A Revolução das Sete Mulheres", que estuda o perfil das baby boomers, mulheres que
A jornalista Marcia Neder explora esses temas em seu novo livro, "A Revolução das Sete Mulheres", que estuda o perfil das baby boomers, mulheres que
nasceram entre 1946 e 1964. São as mesmas que protagonizaram a
revolução feminina do século 20: entraram no mercado de trabalho,
derrubaram tabus, tomaram a pílula anticoncepcional e se
tornaram independentes. Agora, na terceira idade, elas continuam
transgressoras, com autonomia conquistada e poder aquisitivo invejável.
"A mulher que chega hoje aos 50 ou 60 anos continua empreendedora,
produtiva, bem cuidada e superativa. Ela não está interessada
em descansar",
diz Marcia, em entrevista exclusiva ao Adoro Maquiagem. A autora
atuou como repórter da Rede Globo e, durante três décadas, cobriu o
universo das revistas femininas na Editora Abril. Dirigiu as revistas
"Nova" e "Claudia", e atuou como publisher de títulos como "Elle",
"Estilo", entre outros. Acompanhou de perto a transformação da condição
da mulher no Brasil e no mundo, na segunda metade do século 20.
Veja o que ela tem a contar a seguir.
No livro, você aborda sete perfis femininos de representam a geração 50+ e 60+. Como são essas mulheres?
Primeiro, temos a "realizadora", que é a mulher empreendedora. Ela montou uma grande corporação e quer usufruir de suas conquistas, mas está preocupada em escolher alguém para tocar o legado dela. A "desbravadora" é a mulher que venceu no mundo masculino. Ela chegou ao topo de uma empresa que era de domínio masculino e fez isso por competência técnica. A "formiga" é aquela que veio de origem humilde e trabalhou muito para vencer na vida. Ela não se interessa por supérfluos, mas gosta de tudo o que é bom. É uma pessoa prática. A "equilibrista" fez muito sucesso e ocupa um alto cargo, porém não conseguiu juntar dinheiro. Essa mulher é culta, preparada e mora bem, mas não tem muitas economias. A "fênix" é a mulher que teve um grande baque no meio da vida e perdeu tudo. Ela chega à maturidade com a vida reconstruída, num momento muito bom. Ela deu duro e agora vai usufrir o que reconquistou. A "comandante" é o eixo da família. É uma profissional de sucesso e, ao mesmo tempo, comanda a estrutura do núcleo familiar. Sem ela, o grupo desmorona, e ela se preocupa com isso. A "exuberante" chega chegando. É amiga de todo mundo. É vaidosa, se cuida e é o centro das atenções. É uma profissional de sucesso, em geral é empresária, empreendedora.
Você diz que as mulheres chegam à maturidade ativas, bonitas e bem cuidadas. Você acredita os produtos de beleza colaboraram para a autoestima dessas mulheres?
Primeiro, temos a "realizadora", que é a mulher empreendedora. Ela montou uma grande corporação e quer usufruir de suas conquistas, mas está preocupada em escolher alguém para tocar o legado dela. A "desbravadora" é a mulher que venceu no mundo masculino. Ela chegou ao topo de uma empresa que era de domínio masculino e fez isso por competência técnica. A "formiga" é aquela que veio de origem humilde e trabalhou muito para vencer na vida. Ela não se interessa por supérfluos, mas gosta de tudo o que é bom. É uma pessoa prática. A "equilibrista" fez muito sucesso e ocupa um alto cargo, porém não conseguiu juntar dinheiro. Essa mulher é culta, preparada e mora bem, mas não tem muitas economias. A "fênix" é a mulher que teve um grande baque no meio da vida e perdeu tudo. Ela chega à maturidade com a vida reconstruída, num momento muito bom. Ela deu duro e agora vai usufrir o que reconquistou. A "comandante" é o eixo da família. É uma profissional de sucesso e, ao mesmo tempo, comanda a estrutura do núcleo familiar. Sem ela, o grupo desmorona, e ela se preocupa com isso. A "exuberante" chega chegando. É amiga de todo mundo. É vaidosa, se cuida e é o centro das atenções. É uma profissional de sucesso, em geral é empresária, empreendedora.
Como você enxerga o futuro dessas mulheres?
Longo, ativo e muito rico. Essas mulheres
estão cheias de planos. Estão concretizando sonhos que estavam pelo
caminho. Continuam trabalhando, mas mudaram o foco. Por exemplo,
entrevistei a Luiza Trajano (a empresária brasileira que comanda a rede
de lojas de varejo Magazine Luiza), e ela disse que está saindo do lado
operacional da empresa, onde está abrindo caminho para os mais jovens, e
está indo para o lado estratégico. Ou seja, parar de trabalhar não
passa na cabeça dessas mulheres, elas estão enxergando outra forma de
agir. Há uma vibração, uma vitalidade intensa. Elas estão estudando,
fazendo cursos que não tiveram tempo de fazer antes.O conceito de
velhice se deslocou. Acontece depois dos 80 anos.
Você diz que as baby boomers estão
fazendo uma revolução silenciosa no século 21, reinventando o
envelhecimento e criando um novo sentido para a maturidade. Que sentido é
esse?
O Brasil passa de um país jovem para um
país maduro em alta velocidade, porém ele não está preparado, estrutural
e culturalmente, para esse envelhecimento. A terceira idade é encarada
sem nuances. Os esteriótipos da pessoa velhinha de cabeça branca ou da
senhora que quer se parecer com a filha ainda existem. Porém, há uma
infinidade de mulheres que são invisíveis aos olhos do mercado de
trabalho, da publicidade e da comunicação. As mulheres de 50 e 60 anos
da atualidade ainda são empreendedoras. Não querem parar, querem inovar,
gerar novos negócios e projetos, desenvolver novas habilidades. Elas
estão reinventando a história da mulher outra vez.
Qual é o papel dessas mulheres nessa nova sociedade?
Qual é o papel dessas mulheres nessa nova sociedade?
O exemplo que elas estão dando com
decisões pessoais é transformador. Por causa delas, emergirá uma nova
visão da terceira idade. Esse processo é lento e demorado, mas já está
acontecendo. Começou nos anos 70 e deu frutos. Por exemplo, o que a
minha geração fez no passado se reflete no fato de que minha filha
nasceu com a certeza de que ela é uma igual. Não passa pela cabeça dela
que ela precisa provar que é mais capaz do que um homem. E outra, a
minha filha, que tem 24 anos, não me vê aos 60 como uma velha. Ela me vê
em um momento da vida extremamente rico.
Você diz que as mulheres chegam à maturidade ativas, bonitas e bem cuidadas. Você acredita os produtos de beleza colaboraram para a autoestima dessas mulheres?
Sim. Mas a vaidade dessa mulher não é
para não ter rugas, e sim para ter saúde mental. Os produtos de beleza
são tijolos nesse todo que é cuidar da saúde. O corpo envelhece mais
rápido do que a mente, então elas querem equilibrar esse jogo. Elas
adoram se cuidar, passar cremes, controlam a alimentação e o peso, mas
pensando na vitalidade. São vaidosas, mas vaidade para elas é ter
energia. Gostam dos tratamentos de beleza disponíveis, porém não querem
nada invasivo, que as deixem com rostos deformados. O que precisa ser
entendido é que essa mulher não quer parecer mais jovem, ela não quer
parecer ter 30 anos. Ela está com 60 anos e está muito bem, feliz com o
que está realizando. Ela pensa em como vai chegar aos 80 anos.
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